








A quadra foi concebida a partir da paleoarte, ramo artístico que traduz os dados científicos em imagens. O primeiro selo retrata o período Permiano, há 270 milhões de anos. Em um lago que se localiza hoje em Parnaíba no Piauí, um Prionosuchus plummeri captura um peixe Ceratodus enquanto outro indivíduo descansa à sombra de samambaias Psaronius de 15 metros de altura. O segundo selo retrata a riquíssima fauna que viveu no período Cretáceo da Laje do Coringa, há 95 milhões de anos, onde hoje fica a Ilha do Cajual, Maranhão. Em destaque, um Oxalaia quilomboensis, se alimentando de um tubarão Atlanticopristis. Fora da água, um Pterossauro anhangueridae voando, uma família de dinossauros herbívoros Titanosauros à esquerda, alguns dinossauros pescoçudos da espécie Andesaurus e um dinossauro carnívoro, Masiakasaurus, à direita. Sob a superfície da água, é possível ver, em primeiro plano, um peixe do gênero Mawsonia e um tubarão Tribodus , em segundo plano, Lepidote, Pycnodontiforme, Myliobatis , Ceratodontidae e, ao fundo, outro indivíduo da espécie Atlanticopristis repousando no substrato marinho. O terceiro selo ilustra o período Cretáceo há 65 milhões de anos, na região de Uberaba, Minas Gerais. Um dinossauro carnívoro Pycnonemosaurus se alimenta da carcaça de um dinossauro herbívoro Uberabatitan ribeiroi. Ao fundo, veem-se dois dinossauros da mesma espécie se alimentado de coníferas e, na margem da lagoa, descansa um crocodiliforme Uberabasuchus terrificus. O quarto selo exibe dois Eremotherium laurillardi, que viveram durante o Pleistoceno, época que antecede a que vivemos. Em primeiro plano, um indivíduo se ergue em posição bípede para alcançar folhas no alto da árvore. Ao fundo, outro move-se em busca de uma árvore. A técnica utilizada foi ilustração digital com manipulação de polígonos, o que permitiu criar modelos virtuais em 3 dimensões.
Edital nº 21 Artista: Rodolfo Nogueira Processo de Impressão: Ofsete + verniz UV + verniz áspero Folha: 24 selos, sendo 6 de cada motivo Papel: Cuchê gomado Valor facial: R$1,30 Tiragem: 900.000 selos Área de desenhos: 25mm x 35mm - Prionosuchus plummeri e Oxalaia quilomboensis 35mm x 25mm - Pycnonemosaurus nevesi e Eremotherium lauriliardi Dimensões do selos: 30mm x 40mm - Prionosuchus plummeri e Oxalaia quilomboensis 40mm x 30mm - Pycnonemosaurus nevesi e Eremotherium lauriliardi Picotagens: 30mm x 40mm: 12 x 11,5 40mm x 30mm: 11,5 x 12 Data de emissão: 12/10/2014 Locais de lançamento: São Paulo/SP, São Luís/MA, Cuiabá/MT e São Raimundo Nonato/PI Peça filatélica: cartão-postal Tiragem: 3.000 unidades Impressão: Casa da Moeda do Brasil Prazo de comercialização pela ECT: até 31 de dezembro de 2017 (este prazo não será considerado quando o selo/bloco for comercializado como parte integrante das coleções anuais, cartelas temáticas ou quando destinado para fins de elaboração de material promocional).
O Brasil possui abaixo de sua superfície uma extensa e exuberante pré-história construída e acumulada ao longo do tempo geológico. Nesta dimensão infinitamente colossal viveram milhares de gerações de criaturas que, não fossem por seus fósseis, jamais acreditaríamos terem existido. Como antigos habitantes destas terras, sobreviveram ou desapareceram em grandes extinções, viram o nascimento da América do Sul, sentiram os odores das primeiras flores, fazendo nossa pré-história acontecer. Logo, conhecê-la e admirá-la é um dever de todos os brasileiros, não apenas como parte da história do nosso país, da sua geografia e paisagens, da fauna e flora atuais, como da nossa própria história.
Por centenas de milhões de anos, imensas depressões da crosta sobre a qual vivemos acumularam sedimentos e detritos vindos das montanhas que o tempo desfazia. Eles eram trazidos imersos em geleiras que nestas terras permaneceram por milhões de anos, nas correntes marinhas de antigos mares continentais que aqui se estabeleceram, pelos ventos de um deserto infernal, ou então na fluidez de incontáveis rios e lagos há muito desaparecidos. Enrijecidos pelo calor proveniente do interior da Terra, pelo imenso peso da coluna de sedimentos, e pela química das águas que neles penetraram, foram transformados nas rochas das quais extraímos boa parte das riquezas que nos permitem viver, incluindo muita água, calcário e petróleo. Mas elas guardam outros tesouros valiosos, sinais e vestígios da vida rica e vigorosa que ininterruptamente existiu por aqui em um passado profundo e remoto. Nestes imensos pacotes de rocha empilhados pelo tempo estão embalados esqueletos e troncos, pegadas e vestígios da vida que por aqui prosperou nas três últimas grandes eras geológicas como protagonistas da nossa pré-história.
Em reconhecimento a isto, e ao trabalho de várias gerações de geólogos e paleontólogos brasileiros, os Correios estampam em selos especiais quatro magníficas criaturas pré-históricas que já habitaram estas terras.
Na década de 1940, o precursor do estudo dos vertebrados fósseis no Brasil, Llewellyn Ivor Price, desenterrou Prionosuchus plummeri de rochas da Era Paleozoica com 270 milhões de anos de idade. Conhecidas como Formação Pedra de Fogo, estas rochas afloram no estado do Maranhão, e representam sedimentos depositados em antigos rios e lagos cercados por majestosa vegetação. O Prionosuchus é o maior anfíbio já encontrado no mundo, pois chegava a nove metros de comprimento. Ele tinha um longo bico repleto de dentes afiados, e um corpo alongado com membros muito curtos. Seu papel era o mesmo dos atuais crocodilos: devorar peixes e qualquer outra criatura aquática.
Cem milhões de anos atrás, durante a Era Mesozoica, terras hoje brasileiras já estavam quase completamente ocupadas por diferentes espécies de dinossauros. Eles se concentravam nas regiões próximas da costa onde a umidade e a vegetação oferecia alimento e abrigo. Em 2010 um grupo de paleontólogos anunciou a descoberta em rochas da costa maranhense dos restos fossilizados que pertenceram ao maior dinossauro predador conhecido no Brasil: Oxalaia quilomboensis, que chegava a 13 metros de comprimento. Diferente do que comumente se espera de um dinossauro carnívoro, Oxalaia não corria atrás de suas presas, mas era um paciente e experiente pescador. Com seu longo bico e dentes levemente encurvados, desferia golpes certeiros para tirar das águas cretácicas outras incríveis criaturas pré-históricas das quais se alimentava.
Setenta e cinco milhões de anos atrás, já perto do final da Era Mesozoica, enquanto grandes predadores como o famoso Tyrannosaurus rex apavoravam bandos de dinossauros herbívoros na América do Norte, dinossauros predadores muito diferentes assombravam as raras matas sul-americanas. Durante o Período Cretáceo, estes dinossauros abelissaurídeos como o Pycnonemosaurus viviam exclusivamente nos continentes ao sul do Equador. Eram animais robustos, de crânio curto, pernas traseiras muito poderosas e braços exageradamente atrofiados. Seus restos fossilizados estão por todo o Brasil. Naquele tempo, enormes dinossauros herbívoros da família dos titanossauros pastavam nestas terras e estavam entre suas presas favoritas. De modo generalizado, terras brasileiras atravessavam um longo e interminável período de aridez. Naquele mundo pré-histórico, procurar alimento para filhotes e parceiras, e para seus imensos corpos carnívoros de oito metros, não era tarefa das mais simples. Titanossauros tinham suas estratégias de defesa: duríssimas placas ósseas nas costas e caudas enormes capazes de derrubar qualquer grande predador. Também na pré-história, a luta pela vida sempre foi um desafio.
Há 66 milhões de anos, quando a América do Sul já tinha suas terras isoladas como uma grande ilha continental, a queda de um asteróide provocou o desaparecimento da maioria das linhagens de dinossauros. Com os gigantes reptilianos fora da jogada, os mamíferos deixaram suas tocas para dar origem a incríveis animais que, por causa do isolamento do continente, evoluíram exclusivamente nestas terras. Dentre estes estavam os Xenartros, de nome desconhecidos, mas muito familiares a todos os brasileiros: os tatus, preguiças e tamanduás. Mas se atualmente estes animais não nos assustam pelo tamanho que têm, não foi assim no passado. Os tatus cresciam até o tamanho de um fusca e as preguiças podiam chegar à altura de um ônibus. Eremotherium foi uma preguiça-gigante que habitou terras brasileiras no final da Era Cenozoica, entre 5 milhões e 10 mil anos atrás. Com o fim da última era glacial há 12 mil anos, transformações radicais no clima e na vegetação ocorreram por aqui. Abalados com estas mudanças e com a recém chegada do homem, muitos destes gigantes não resistiram e foram extintos.

Pré-história, Geociências, dinossauros, animais pré-históricos, fauna, flora.



















