O selo tem como figura de fundo a porta de entrada da casa de Xangô, orixá patrono do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, e as franjas de mariwô, tiras das folhas novas do dendezeiro utilizadas acima das portas para proteção e indicação de locais sagrados. Em primeiro plano, encontram-se o logotipo do Terreiro e um oxê, machado com lâmina dupla, que traduz a justiça implacável e imparcial de Xangô, a qual todos os homens estão sujeitos. As técnicas utilizadas foram fotografias e desenho.
Edital nº 11 Arte: Rose Vermelho Processo de Impressão: Ofsete Folha com 30 selos Papel: Cuchê gomado Valor facial: 1º Porte Carta Comercial Tiragem: 300.000 selos Área de desenho: 35mm x 25mm Dimensões do selo: 40mm x 30mm Picotagem: 11,5 x 12 Data de emissão: 13/7/2013 Local de lançamento: Salvador/BA Impressão: Casa da Moeda do Brasil Prazo de comercialização pela ECT: até 31 de dezembro de 2016 (este prazo não será considerado quando o selo/bloco for comercializado como parte integrante das coleções anuais, cartelas temáticas ou quando destinado para fins de elaboração de material promocional).
Em 1910, Eugênia Anna dos Santos, OBA BIYI, Mãe Aninha, como era apelidada carinhosamente, iniciada na Rua dos Capitães, na Bahia, hoje Rua Rui Barbosa, fundou o Ilê Axé Opô Afonjá e um corpo de doze OBÁS de Xangô, responsáveis pela condução civil dos destinos do Terreiro, auxiliada pelo Babalaô Martiniano Eliseu do Bonfim, elo de ligação entre o Axé e a Nigéria.
Esta mulher, cuja cabeça pertence a Xangô, era filha de santo de Iyá Marcelina, OBÁ TOSI, do Engenho Velho - AXÉ IYÁ NASSO OKÁ - o primaz do Brasil e em sua determinação política e religiosa foi a responsável pelo reconhecimento e liberação do culto afro-brasileiro, que era tido como “coisa de negro ignorante, prática fetichista e vergonha da Bahia”, como lembrava sempre, sem temor das palavras.
Quando morava no Rio de Janeiro, então capital da República, foi encontrar-se com o presidente Getúlio Vargas, obtendo dele, por sua capacidade de persuasão e convencimento espiritual, a partir da sua liderança inquestionável, o direito à liberdade de cultos religiosos, oficializado por meio do Decreto-Lei nº. 1202, de 8/4/1939.
Em 1936, antes de sua passagem para a ancestralidade, Eugênia Anna dos Santos criou a Sociedade Civil Cruz Santa do Axé Opô Afonjá, para garantir a continuidade da sua obra e prevenir possíveis incidentes e disputas de poder, dando uma orientação segura dos princípios indestrutíveis que deverão ser mantidos na tradição da casa religiosa e na transmissão destes mesmos princípios para quem quiser viver este momento espiritual.
Dedicou uma casa individual de culto para cada orixá, sem, no entanto, abrir mão da afirmação “até hoje e quiçá para sempre” frase esta que pode ser compreendida nos moldes de que o Ilê Axé Opô Afonjá é e será um espaço comunitário mantido pela força vital de Xangô.
Mãe Aninha “encantou-se” em 1938. Todas as demais que a sucederam, Mãe Bada, até 1941, Mãe Senhora, até 1967, Mãe Ondina, até 1975, e a atual Mãe Stella de Oxóssi (1976), mantiveram os princípios, os valores e a tradição do Ilê, sustentado por Xangô.
Em 1978, Mãe Stella inicia sua obra cultural e social com a fundação de uma creche-escola, de um museu da tradição religiosa, de uma biblioteca de referência para pesquisadores e estudiosos, de sucessivos encontros, debates, seminários com o mais amplo prisma de debatedores, mantendo a tradição de uma casa democrática e aberta para o pluralismo e diversidade religiosa e cultural que ultrapassam os limites dos muros do Opô Afonjá.
Oficinas de formação artística e cultural, de cursos profissionalizantes e de atualização permanente, colocam este complexo cultural e educacional na ponta de experiências inovadoras de democratização do ensino formal das atividades de formação, garantindo a transmissão destes valores fundamentais e fundantes desta tradição africana, base indissolúvel da sociedade brasileira. Sem esquecer a sua principal função: a manutenção da religiosidade humana, que no caso do candomblé é feita por meio da implantação e fortalecimento do AXÉ (força, energia) individual e coletivo.
O candomblé não se ocupa apenas com os seus iniciados, mas sim com tudo que interfere no equilíbrio da raça humana: o ecossistema como um todo, a fauna e flora do planeta, as relações entre os homens, etc. Para exercer a função de colaborar com o equilíbrio e a harmonia do homem e da sociedade é fundamental para o candomblé a preservação do seu Espaço Sagrado, sendo a área onde estão suas árvores e folhas sagradas e consagradas imprescindível para que seus sacerdotes possam ajudar a todos que buscam o auxílio desta religião.
Por meio desta emissão, os Correios retratam o Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, o qual tornou-se uma importante referência na construção de valores das religiões de matriz africana, de grande significado no contexto religioso e social do Brasil.
O selo ilustra:Religião, candomblé, prédios históricos, cultura religiosa, raízes culturais.